Fatos: um, meu amor tem nome e sobrenome; dois, eu sou uma daquelas pessoas que tem o mesmo namorado desde sempre; três, de quando em quando, eu me presto à declarações públicas de afeto. Agora sim: ao amor da minha vida, Adan Christian de Freitas, mais um daqueles textos de mulher bem comida que vocês (adan e leitor) já devem ter lido em alguns dos meus depósitos virtuais.
Primeiro foi o tomate. Foi a hora do tomate. O tomate passou por ele na aula de biologia, e meus olhos foram dar com suas mãos, rosto e cabelo recém cortado. Nesses vinte anos sobre a terra, nunca vi, e arrisco dizer que nunca verei, alguém segurar um tomate daquele jeito. Não é necessário dizer que não tenho a mínima idéia da razão de ser daquele tomate àquela hora, mas ele fez o quadro mais bonito com sua vermelhidão incendiária. Ao tomate sim, a nação chinesa! Depois daquilo, não me resta tarefa mais prazerosa nessa vida que assistir ele segurando o que deseja ou é encarregado de segurar. Mas que belo segurador de coisas! Eu amo mesmo tudo que ele carrega. Isso para ficar em apenas uma categoria de ações que ele desepenha de modo a fazer com que eu o ame ainda mais, porque se eu pudesse, sem parecer uma dessas pessoas apaixonadas e loucas, desfilaria um sem-número de outros verbos: o que ele retém e o que rejeita, quando sorri e quando chora. As coisas que ele toca! Entre as mais sonoras, eu e um fender de quadro cordas. Até chover, que nem sujeito tem, opera de uma maneira misteriosa e dá nisso: mais e mais amor.
E que gosto. E que mania irritante de estar sempre certo. E que capacidade mágica de obter sucesso em toda e qualquer empresa. E que cabeça enorme que guarda toda sorte do que há pra saber, que fere minha vaidade me deixando com tão pouco pra ensinar.
Mas minha fraqueza confessa é a voz. Quando parece Bowie, quando parece Jagger, quando canta falando, ou fala cantando, Waters ou Dylan. Mas sobretudo, quando parece só Adan, quando ri daquele jeito que eu percebo que não posso nada, porque amo tanto.
E eu gosto quando ele está perto, e gosto dele longe. Não gosto de estar longe, mas também gosto dele no mundo, vivendo fora do microcosmo que se retro alimenta, que somos eu e ele, desde os quinze anos. Eu gosto do que ele faz quando eu não estou perto. Eu gosto do que ele faz, do que desfaz, do que deixa de fazer, do que só pensa em fazer, do que faz com pressa, com sono, enfastiado.
E o que faço com um amor que é tão maior que eu? Que fica muito pesado pra carregar quando a saudade aparece. Te amar a distância dói. Mas você é ubíquo o suficiente pra estar aqui mais do que lá, me lembrando que tudo, tudo vale a pena por você.