Eu poderia e deveria dobrar as roupas que tirei do varal. Mas não o faço porque sempre me perco no meio do caminho, e o meio do caminho é aquele cheiro bom que as roupas tem. Enfio a cara no jeans se preciso for, só pra sentir o cheiro bom que as roupas tem. E por conta dessa minha perdição, também não durmo de cabelo molhado. Se por descuido essa situação se desenha, é já um dia perdido. Passarei o tempo que puder e um tantinho do que não puder, com a cabeça enfiada no travesseiro, porque sou de carne e osso e gosto de shampoo.
Enquanto isso, mantenho a montanha de roupas limpas a uma distância segura de mim.
Há tantas coisas por serem feitas, no mundo e nessa casa. Nada me interessa, assim, agora. E se escrevo me saboto, porque nem queria escrever tanto assim, mas escrevendo me autorizo a não fazer o que me espera para ser feito.
Devo ser esse tipo: o tipo que livra os ombros de fazer o que o mundo precisa que seja feito. E há tanta gente por aí carregando o peso invisível. São bonitos e corajosos. Mas deus sabe como a promessa da prerrogativa do erro é sedutora.
Não podendo ser os braços, ou as pernas, ou os olhos: quero ser a fita de cabelo do mundo. E não me deixe enganá-los, porque há sim, nisso tudo, um pouco de covardia e vaidade. E de cheiro de roupa recém tirada do varal.
Enquanto isso, mantenho a montanha de roupas limpas a uma distância segura de mim.
Há tantas coisas por serem feitas, no mundo e nessa casa. Nada me interessa, assim, agora. E se escrevo me saboto, porque nem queria escrever tanto assim, mas escrevendo me autorizo a não fazer o que me espera para ser feito.
Devo ser esse tipo: o tipo que livra os ombros de fazer o que o mundo precisa que seja feito. E há tanta gente por aí carregando o peso invisível. São bonitos e corajosos. Mas deus sabe como a promessa da prerrogativa do erro é sedutora.
Não podendo ser os braços, ou as pernas, ou os olhos: quero ser a fita de cabelo do mundo. E não me deixe enganá-los, porque há sim, nisso tudo, um pouco de covardia e vaidade. E de cheiro de roupa recém tirada do varal.
9 comentários:
Um dos seus melhores textos neste blog. Cheio de poesia, e com um lindo olhar sobre as coisas mais simples e mais profundas.
Essa imagem da fita de cabelo do mundo vai ficar.
Muito obrigado por este texto!
Muito engraçado tudo isso, adoro sesação e o cheiro quea roupa limpa me causa.
Olha gostei muito também do post "do you have to, do you have to let it linger? "
Muito massaBLOGdoRUBINHO
www.blogdorubinho.cjb.net
Huahuahauua
Adorei. Perfeito o texto com os seus principios.
lindo texto.
primeira vez aki e fiquei impresinado
o/
mto bom mesmo!!!
xD~
parabens
sucesso
primeira vez minha aki
e espero retornar mais vezes!
www.bocadekabide.blogspot.com
lindo texto!
Ele consegue ser humano e repleto de sensibilidade!
senti o cheiro do jeans
Parabens!
Bem legal a forma como escreve! PArabens, bj!
Nataly, minha linda. Quanto tempo. Sabe que quando leio seus textos me dá uma paz tão gostosa que nem quero parar de ler. Me prende de tal forma que dormiria lendo seu blog numa boa por ser tão confortável. Sinti até o cheiro de confort vindo das roupas no varal... roupas no varal... é até bonito ouvir essa frase, embora eu nem goste de lavar roupas sujas. rss
BJÃO!!!
Não suma!
ah o cheiro de roupa limpa do varal... acho que só não ganha pro cheiro de cabelo molhado, e isso me fez lembrar do livro do chico buarque em que ele lembra do cheiro da cabeça da irmã e ela dizia que o cheiro era do cabelo. e ele dizia que era da cabeça porque ela mudava de shampoo e o cheiro continuava igual..
do cabelo ou da cabeça, o cheiro é sempre bom. só nao ganha dos teus posts, cada vez mais maduros e bonitos de serem lidos!
congratulações, nataly callai
você já leu cortázar?
indícios de células cortazarianas em seu texto (algo extremamente bom, do meu ponto de vista):
"o meio do caminho é aquele cheiro bom que as roupas tem"
"porque sou de carne e osso e gosto de shampoo"
ah..eu adoro isso! não posso nem devo explicar, mas você sente a mesma coisa (já que as escreveu!)
"quero ser a fita de cabelo do mundo"
(você seria uma bela fita de canelo!)
=)
Sobre o Tonhão: não entendi muito bem seu comentário...ele é um doce de pessoa, não bravo...
caso? você está falando da jaqueta verde do amor?
besitos
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